A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

10/03/2008

AUTOMATIZAÇÃO: UMA VIRTUDE ECOLÓGICA!





O pavor suscitado pelo lançamento de bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945, foi tão devastador que mudou o estado de consciência da humanidade. Introduziu-se a perspectiva de destruição em massa, acrescida posteriormente com a fabricação de armas químicas e biológicas, capazes de ameaçar a biosfera e o futuro da espécie humana. Antes, os seres humanos podiam fazer guerras convencionais, explorar os recursos naturais, desmatar, jogar lixo nos rios e gazes na atmosfera e não havia grandes modificações ambientais. A consciência tranqüila assegurava que a Terra era inesgotável e invulnerável e que a vida continuaria a mesma e para sempre em direção ao futuro.

Esse pressuposto não existe mais. Mais e mais nos damos conta daquilo que a Carta da Terra atesta: ''Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro: ou formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e da diversidade da vida''. Esse documento, já assumido pela Unesco, representa a nova perspectiva planetária, ética e ecológica da humanidade. Os fatos que sustentam o alarme são irrecusáveis: só temos esta Casa Comum para habitar; seus recursos são limitados, muitos não renováveis; a água doce é o bem mais escasso da natureza; a energia fóssil, motor do desenvolvimento moderno, tem dias contados; e o crescimento demográfico é ameaçador. Ultrapassamos já em 20% a capacidade de suporte e reposição da biosfera. Querer generalizar para toda a humanidade o tipo de desenvolvimento hoje imperante demandaria outros três planetas iguais ao nosso. A grande maioria não pensa em tais coisas, pois parece-lhe insuportável lidar com os limites e eventualmente com o desastre coletivo, possível ainda em nossa geração.

Esses problemas são graves. Mas há ainda um maior: a lógica do sistema mundial de produção e a cultura consumista que ele gerou. Ele diz: devemos produzir mais e mais, sem impor limites ao crescimento, para podermos consumir mais e mais, sem limites à cesta de ofertas. A conseqüência imediata dessa opção é uma dupla injustiça: a ecológica, com a depredação da natureza, e a social, com a gestação de desigualdades entre aqueles que comem à tripa forra e os que comem insuficientemente, caindo na marginalidade ou na exclusão.

Se quisermos garantir um futuro comum, da Terra e da humanidade, se impõem duas virtudes: a autolimitação e justa medida, ambas expressões da cultura do cuidado. Mas como postular essas virtudes se todo o sistema está montado em sua negação? Desta vez, porém, não há escolha: ou mudamos e nos pautamos pelo cuidado, nos autolimitando em nossa voracidade e vivendo a justa medida em todas as coisas, ou enfrentaremos uma tragédia coletiva.

A autolimitação significa um sacrifício necessário que salvaguarda o planeta, tutela interesses coletivos e funda uma cultura da simplicidade voluntária. Não se trata de não consumir, mas de consumir de forma responsável e solidária para com os seres vivos de hoje e os que virão depois de nós. Eles também têm direito à Terra e a uma vida com qualidade.


Leonardo Boff

10/06/2008

VOCÊ COMPREENDE A LINGUAGEM DE JESUS?



Por que não compreendeis a minha

linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra. – Jesus, João 8.

A verdade é mais simples que a simplicidade.

Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra.”

Ora, no contexto de João 8, tudo começa com a cena da mulher flagrada em adultério, a qual é salva do apedrejamento por uma única resposta-pergunta de Jesus. Naquela ocasião eles entenderam a linguagem de Jesus. Entenderam em si mesmos, a partir do que criam sobre si mesmos. Sem “fé” ninguém entende linguagem alguma.

Depois, entretanto, Jesus lhes diz coisas que só poderiam ser discernidas a partir do pressuposto de que Jesus não era louco, mas Deus. Sim, porque o que Jesus diz só cabe entre o Doido e Deus.

Ele diz coisas de Si mesmo que são inconcebíveis. É acusado de fazer auto-propaganda, e a isso responde que Moisés dissera que se houvesse duas testemunhas, toda palavra se formava como verdadeira; e conclui: eu falo a verdade porque meu Pai da testemunho de mim.

“Quem é teu pai?” — perguntam eles.

Resposta: “Se conhecêsseis a mim, conheceríeis também a meu Pai”; e, assim, questiona todo o pressuposto da percepção deles. Afinal, Jesus era visível e perceptível; porém, para Jesus, havia um “Eu” que eles não conheciam, o qual, sendo conhecido, era equivalente a conhecer seu Pai.

Mas quem ousaria suspeitar que Ele não era louco, mas a própria Luz-cidez?

Quando indagado acerca do que dizia e do que intentava; ao dizer que não seria mais achado entre eles depois de um tempo — se era por que Ele se suicidaria ou por que iria ensinar aos gregos na dispersão; Ele apenas diz: “Vós sóis cá de baixo; eu sou lá de cima”.


Assim, quanto mais explica “em verdade, em verdade” menos é entendido. Pois era impossível compreender a linguagem sem crer na palavra Dele.

Assim, Ele diz: Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra.

Ninguém jamais entenderá nada do Evangelho a menos que creia na Palavra de Jesus em razão de poder ouvi-la dando razão a Deus à priori.

E quem tem tal disposição a menos que seja tocado por uma revelação de amor divino?

E quem terá tal insight se já não tiver o coração propenso à simplicidade da linguagem do amor?

Se não for assim, a Linguagem de Jesus é incompreensível até para o mais refinado teólogo ou filosofo.

No entanto, quando alguém pode ouvir a Palavra, então passa a compreender a linguagem; e tudo fica mais que claro.

Você compreende essa linguagem?

Jesus é a linguagem.

Jesus Deus.

Deus Jesus.

Jesus Filho.

Deus Pai do Filho.

Filho de Deus.

EleEle = Um.

Se essa equação entra em nós por revelação, então, a linguagem é compreendida, pois a Palavra foi ouvida e crida.

Somente a fé que ouve, e ouve crendo, é que se capacita a entender a linguagem de Jesus, que é a linguagem de Deus.

Do contrario, como os judeus de então, a gente pensa que Ele está saindo para viajar ou para se suicidar.

Caio


10/06/2008