A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

12/04/2010

A Mensagem da Cruz Vazia!




















Por Alejandro Bullón


Gosto de contemplar a cruz. Significa redenção e perdão mas, ao mesmo tempo, fala-me de restauração e de vitória.

Naquela tarde sombria, lá na cruz, tudo parecia perdido. Aparentemente, todo o ministério de Jesus Cristo tinha sido pura perda de tempo. Onde estavam os frutos de seu trabalho? Seus discípulos tinham-no abandonado. Tudo aquilo que sonhou e pelo que lutou parecia reduzido a cinzas. A morte, aparentemente, tinha posto um ponto final ao seu ministério.

“Com a morte de Cristo, morreram as esperanças de seus discípulos. Olhavam para suas pálpebras fechadas e sua cabeça caída, seu cabelo empapado de sangue, suas mãos e seus pés rompidos, e sua angústia era indescritível. Até o final não tinham acreditado que havia morrido, mal podiam acreditar que estava realmente morto. Perturbados pelo pesar, não recordavam suas palavras que tinham previsto essa mesma cena. Nada do que tinha dito os consolava agora. Viam somente a cruz e sua vítima ensangüentada. O futuro parecia sombrio e desesperado. Sua fé em Jesus tinha desvanecido” (O Desejado de todas as pessoas, pp. 717-718).
Já aconteceu isto com você alguma vez? Se aconteceu, lanço um desafio para você: olha para a cruz vazia. Não tem nada nela. Você sabe por quê? Você sabe o que isso significa?

A derrota é um direito real na vida. Não é fruto da imaginação dos pessimistas, Existe, e pode ocorrer a qualquer um. Tarde ou cedo você também terá que beber o cálice amargo da derrota. Hoje ou amanhã pode parecer que o mal triunfa sobre seus sonhos e suas esperanças. Em algum momento de seu ministério você poderá ficar angustiado ao ver que sua obra de toda a vida aparentemente se despedaçou.

Sim, a derrota é um fato trágico, mas real. Pode ser dolorosa e amarga. Às vezes pode ser irônica e até cruel. Mas por quanto tempo? Talvez dure hoje e amanhã, mas sempre existe um terceiro dia, quando a tristeza se converte em alegria e júbilo. Jesus Cristo ergueu-se entre os mortos no terceiro dia e junto com ele toda a sua obra e todo o seu ministério. Por isso, digo hoje para você: “Não se desespere quando tudo parecer estar no chão, quando você falar e falar, e tiver a impressão de que ninguém entende nada, quando você trabalhar e trabalhar e ao olhar para trás parecer que você não construiu nada”.

No transcorrer de meu ministério também tenho tido meus momentos de solidão e lágrimas. Qualquer pastor jovem que me observar poderia acreditar que tudo foi um mar de rosas na minha vida. Mas isso não é verdade. O pastor tem que sorrir quando todos choram, embora também tenha o coração carregado de tristeza. O líder espiritual deve continuar avançando, inspirando e animando, embora muitas das vezes também seus pés estejam sangrando por causa dos espinhos dos problemas e das dificuldades.

Todo mundo pode falar, mas o pastor deve manter-se firme na Rocha que é Cristo. Se o capitão abandonar o navio, que será da tripulação? Nestas oportunidades aprendi a olhar para a cruz. Ela, vazia, diz-me que pode vir a derrota, a frustração e a tristeza. Mas quanto tempo durarão? Talvez hoje e amanhã. No terceiro dia, com toda a certeza, ressuscitarão os sonhos acariciados. Aparecerá o fruto de seus esforços, e você verá que não trabalhou em vão.

À derrota aparente, segue-se a vitória. Essa é uma mensagem da cruz vazia.

Sua saúde está em suas mãos!


















Por Esteban S. Poni e Carlos Poni


A Organização Mundial da Saúde identificou 10 fatores de risco para a saúde: (1) água contaminada, falta de higiene e saneamento básico; (2) fumaça de combustíveis sólidos em ambientes fechados; (3) pressão alta; (4) colesterol elevado; (5) fumo; (6) peso baixo (emagrecimento); (7) obesidade; (8) consumo de álcool; (9) sexo arriscado e (10) deficiência de ferro. Juntos esses fatores respondem por mais de um terço de todas as mortes no mundo (ver Tabela 1).http://dialogue.adventist.org/graphics/18_1_poni_p_g1.gif

Estatísticas Importantes

Água contaminada e falta de saneamento e higiene causam 1,7 milhões de mortes ao ano em todo o mundo (basicamente por diarréia infecciosa). De cada 10 mortes, nove são de crianças, a maioria pertencente a países em desenvolvimento.
Metade da população mundial (3,1 bilhões) é afetada pelo ar poluído de ambientes fechados, devido ao cozimento de alimentos e ao sistema de calefação alimentado por combustível, gerando infecções respiratórias e doenças crônicas de obstrução pulmonar.

Pressão alta e colesterol elevado estão relacionados ao consumo excessivo de alimentos gordurosos, salgados e doces. Tais alimentos se tornam ainda mais nocivos quando combinados com fumo e consumo excessivo de álcool. Em geral, a hipertensão arterial causa sete milhões de mortes anualmente; e o colesterol, mais de quatro milhões.

As mortes por uso de fumo mantiveram-se nos cinco milhões de pessoas ao redor do mundo em 2000 – um aumento de um milhão em relação aos dados de 1990. O índice de mortalidade entre fumantes é de duas a três vezes maior que entre os não-fumantes.
No mundo, mais de um bilhão de adultos está acima do peso e entre 300 a 500 milhões são clinicamente obesos. Meio milhão morre anualmente de doenças relacionadas à obesidade na América do Norte e na Europa Ocidental. Em regiões industrializadas como a América do Norte, a Europa e o Leste asiático, pelo menos um terço de todas as enfermidades é causado por fumo, álcool, pressão alta, colesterol e obesidade. Mais de três quartos das doenças cardiovasculares – fator número um de mortes no mundo – estão relacionados ao uso do tabaco, à pressão alta, e à obesidade ou colesterol elevado.

Em todo o mundo o álcool causou 1,8 milhões de mortes em 2001, ou quatro por cento do ônus global de enfermidades; o pico ocorre nas Américas e na Europa. O álcool foi a causa de 20 a 30% de cânceres esofágicos, doenças do fígado, epilepsia, acidentes automobilísticos, homicídios e outros danos intencionais.
Pelo menos 27% de crianças com menos de cinco anos no mundo estão abaixo do peso. Essa condição foi causa de cerca 3,4 milhões de mortes em 2000, incluindo em torno de 1,8 milhões de mortes na África e 1,2 milhões na Ásia. Esse foi o fator contribuinte em 60% de todas as mortes infantis nos países em desenvolvimento.
A deficiência de ferro é a carência nutricional mais comum no mundo, afetando cerca de dois bilhões de pessoas, e causando quase um milhão de mortes ao ano. A deficiência de vitamina A é a causa número um de cegueira infantil. A deficiência de iodo é, provavelmente a maior causa de retardamento mental e danos cerebrais. A severa carência de zinco é motivo de baixa estatura e de um sistema imunológico debilitado; e também importante causa de infecções respiratórias, malária e diarréias.

Em todo o mundo, cerca de 2,9 milhões de mortes são atribuídas ao sexo arriscado. A maioria dessas mortes ocorre na África. Além disso, durante o ano de 2001, mais de 99% das infecções por HIV na África foram atribuídas à mesma causa. Em outras partes, a proporção de mortes por HIV/AIDS atribuídas ao sexo arriscado vai de 13%, no Leste asiático e no Pacífico, a 94% na América Central. Menos de 30 anos após sua aparição, o HIV/AIDS é a quarta maior causa de mortes no mundo (ver Tabela 2). Atualmente, 28 milhões (70%) dos 40 milhões de pessoas com HIV residem na África, mas a infecção também se espalha rapidamente por outros lugares. A expectativa de vida na África Subsaariana é estimada em 47 anos; sem a AIDS, seria de 62.

O que você pode fazer para reduzir e eliminar os risco

Adote uma posição mais ativa em favor da vida. Aqueles que não tomam medidas preventivas contra os principais fatores de risco à saúde humana, com freqüência, se tornam vítimas precoces de doenças e mortes. “Coma, beba e se case, porque amanhã você vai morrer” não é lema para aqueles que querem evitar enfermidades e desfrutar vida saudável.2 Adotar medidas significa dar um passo decisivo contra aquilo que produz fatores de risco à saúde. Esses riscos não devem ser ignorados.
Assuma uma atitude responsável em prol da vida. “Não tenho que fazer isto”, “não vou conseguir”, “posso cuidar de mim mesmo”, não são declarações dos mais fortes, mas dos irresponsáveis. Quando o assunto é hábitos ou estilo de vida, como o uso de álcool, fumo ou drogas, ou quando a tentação é praticar sexo de forma insensata, o indivíduo realmente responsável vai dizer não. Somente o irresponsável para consigo mesmo e com sua família diria coisas como: “Posso parar quando quiser” ou “fui vítima de uma atração irresistível.” Em vez disso, fique firme. Seja responsável. Previna-se contra esses riscos, em vez de se tornar sua presa fácil.
Faça algo positivo. Não assuma a atitude niilista de que nada pode ser feito acerca da situação atual. Veja, por exemplo, o alto risco do saneamento deficiente ou da falta de água limpa. Uma comunidade inteira pode ser afetada por isso. Faça algo. Escreva para as autoridades locais. Organize campanhas de auto-ajuda. Uma comunidade organizada pode limpar sua vizinhança, providenciar saneamento básico e ser um exemplo de ambiente saudável para as outras.
Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. A procrastinação é uma poderosa ferramenta do diabo. Suponha que o médico tenha-lhe dito para deixar de beber porque seu fígado já está comprometido. Você deve tomar uma posição para o bem de sua saúde. Isso pode nunca acontecer. Se você for uma vítima de um desses riscos para a saúde, comece a agir imediatamente.
Não seja apático. A apatia (um tipo de exclusão por indiferença, mesmo tendo evidências indubitáveis) faz com que a pessoa se engane. Alguém assim sabe que adotar uma dieta baixa em gorduras, rica em vegetais, frutas e fibras, ajuda a diminuir o risco de doenças cardiovasculares, mas ela continua ingerindo alimentos gordurosos e poucos vegetais, frutas e fibras. O resultado de tal apatia é o auto-engano e, eventualmente, o tornar-se vítima de problemas de saúde.

Medidas para aumentar o bem-estar da sua vida

Essas medidas podem ser definidas de modo mais amplo como atitudes preventivas, curativas ou reabilitadoras, onde a primeira intenção seja melhorar a saúde. Aqui estão algumas dicas para um estilo de vida mais saudável:3
Melhore sua saúde mental

* Seja realista. Pessoas irrealistas gastam tempo e energia tentando criar no mundo uma situação que consideram ideal. Pessoas realistas modificam suas crenças, se existir evidência suficiente que contradiga seu ponto de vista.
* Comporte-se como adulto. Saiba quem você é, do que é capaz, que papéis pode desempenhar e qual o seu lugar no círculo de relacionamentos. Avalie seus potenciais e fragilidades sem depender da opinião de outros.
* Desenvolva-se espiritualmente. Encontre crenças e valores que dêem significado e propósito, bem como perspectivas transcendentes à vida.
* Se você pensa em suicídio ou tem um histórico de alucinações, perda de memória progressiva, desilusão, ou fala de modo incoerente, procure ajuda profissional. Não se sinta envergonhado. Doença mental é uma enfermidade como outra qualquer e pode ser tratada.

Faça escolhas responsáveis sobre o uso de substâncias

* Interrompa ou reduza o consumo de cafeína. A cafeína produz dependência física por meio da tolerância – a necessidade de mais cafeína para o mesmo nível de disposição.
* Abandone o uso da nicotina e do álcool. Essas drogas são altamente perigosas e viciam.
* Não use remédios ou drogas sem prescrição médica.

Tome decisões sábias a respeito de alimentos e bebidas

* Os adultos deveriam comer, pelo menos, duas porções de frutas por dia e três de vegetais (a dieta de uma criança requer orientação profissional, mas em geral crianças com mais de um ano podem comer os mesmos alimentos dos adultos, se esses forem saudáveis e balanceados). Reduza o consumo de frituras, bolachas, biscoitos, alimentos processados e doces.
* Reduza ou interrompa o consumo regular de refrigerantes. Eles são os principais responsáveis pelo excesso de açúcar.
* Reduza o consumo de farinha branca. Se não constar na embalagem “farinha integral”, o produto sofreu processamento, o que significa a remoção da fibra e do germe.
* Reduza o consumo de gorduras saturadas (geralmente presentes na carne, manteiga, queijo e produtos derivados do coco). Essa medida reduz o LDL, o mau colesterol, que aumenta o risco de problemas cardíacos.
* Use quantidades moderadas de azeitonas, canola, abacate, creme de amendoim (sem a adição de óleo), e castanhas (incluindo amendoins, amêndoas e pistache).
* Consuma produtos que tenham bastantes ácidos graxos ômega-3 (um óleo com diversos efeitos cardiovasculares protetores). As fontes de ácidos graxos ômega-3 incluem tofu e vegetais de folhas verde-escuras.
* Ingira alimentos ricos em minerais. O ferro (encontrado em produtos de grãos enriquecidos, vegetais verde-escuros e frutas secas) ajuda no tratamento da anemia hipoférrica, a mais comum no mundo. O cálcio (presente no leite, iogurte, tofu, suco de laranja enriquecido, pães e vegetais de folhas verde escuro) ajuda a garantir uma massa óssea adequada, e reduz cãibras musculares durante a gravidez. Sempre obtenha cálcio a partir dos alimentos. Tome suplementos apenas mediante prescrição médica. O zinco é encontrado em grãos integrais, nozes, legumes, soja e seus derivados. As fontes de iodo incluem o sal iodado. As fontes de vitamina A compreendem leite integral, gema de ovo, margarinas enriquecidas, carotenóides de plantas, vegetais verdes e frutas e vegetais amarelos.
* Considere as vantagens de uma dieta vegetariana. Uma dieta ovolactovegetariana bem planejada pode satisfazer todas as necessidades de um regime nutricional balanceado. Porém, é necessário ter em mente dois pontos especiais. Primeiro, numa dieta de transição as pessoas precisam reduzir a ingestão de carne, frango e peixe, enquanto aumentam progressivamente o consumo balanceado de vegetais e frutas (a leitura de Levítico, capítulo 11, pode ajudá-lo a escolher as fontes de alimento animal mais apropriadas nessa transição). Segundo, os vegetarianos que desejarem excluir de sua dieta ovos e leite, serão beneficiados se fizerem consultas médicas periódicas a fim de garantir que tal dieta continue balanceada.4
* Obtenha suficiente vitamina D expondo-se de 5 a 15 minutos à luz solar cada dia. Leite e margarinas enriquecidos também ajudam a manter o equilíbrio no metabolismo da vitamina D e do cálcio.

Outras escolhas importantes relacionadas ao estilo de vida

* Entre em forma exercitando-se. A atividade física consiste numa adaptação às demandas do estresse. Você pode exercitar-se, sem se cansar demais, mediante atividades que vão desde moderadas até vigorosas. O exercício regular pode melhorar a função cardiorrespiratória e aumentar o metabolismo. Os exercícios aumentam o fluxo sanguíneo no cérebro e a produção de neurotransmissores, diminuem o risco de osteoporose, melhoram a função do sistema imunológico, previnem fraturas e dores lombares, e aumentam a sensação de bem-estar e a expectativa de vida.
* Mantenha seu peso normal. O peso ideal pode ser calculado pelo Índice da Massa Corporal (IMC). IMC = Peso em quilos dividido pela altura em metros2 (ou seja, IMC=P÷A2). Em geral, um valor situado entre 18,5 e 24,9 é normal e deveria ser conseguido.
* Reduza o risco de câncer. Evite fumar, a causa número um de câncer do pulmão. Para prevenir o câncer intestinal, exercite-se regularmente; adote uma dieta rica em fibras e mantenha seu peso dentro da média. Homens acima de 50 anos de idade deveriam fazer exames regulares do reto para detectar possíveis problemas prostáticos. As mulheres devem fazer exames apropriados para evitar câncer de mama e câncer cervical. Evite a exposição excessiva à radiação solar e a lâmpadas especiais de bronzeamento, pois tendem a causar câncer de pele.* Visite regularmente o médico. Converse francamente com ele sobre qualquer preocupação quanto às condições físicas.


Mantendo-se informado a respeito desses temas importantes e tomando decisões sábias sobre seu estilo de vida, você será capaz de reduzir grandemente os riscos para a saúde e aumentar o bem-estar.

Como o crente aborda as ciências!


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por  Earl Aagaard (Ph.D., Colorado State University) leciona biologia no Pacific Union College, em Angwin, Califórnia.




Somos todos crentes. Cristãos, hindus, budistas, muçulmanos, ateus, agnósticos, ecologistas, terroristas--todos crêem em alguma coisa ou em alguém. Enquanto uma pessoa religiosa crê na existência de Deus, um ateu crê que nada existe fora da matéria e energia, e ambos podem discutir amplamente sobre que ponto de vista está certo ou errado. Crer não significa necessariamente que o objeto de nossa crença seja verdadeiro e verificável. Com efeito, cada um aborda o estudo da natureza com certo grau de fé. É essencial que abordemos nosso estudo com uma mente aberta, admitindo que poderíamos estar errados, sempre buscando a verdade.
A ciência orgulha-se de sua objetividade. Mas é a objetividade possível mesmo? Sejamos francos. A ciência envolve a interpretação dos dados encontrados na natureza, e tão logo se inicia a interpretação destes dados, estamos introduzindo nela um elemento subjetivo, um conjunto básico de suposições de como são as coisas no universo. Ninguém estuda as estrelas, ou o corpo humano, ou a biologia celular, com sua mente inteiramente despida de pressuposições. Qualquer pessoa, mesmo os cientistas, traz consigo algumas pressuposições, com as quais interpreta os dados à luz destas pressuposições. Compreender isto faz grande diferença de como vemos a pesquisa científica, e como devemos encarar nossos compromissos religiosos.
É geralmente aceito que o que está em nossa mente afeta poderosamente o que percebemos, e como interpretamos nossas observações. De fato este conceito psicológico nos ajuda compreender por que uma pessoa se irrita com algo enquanto outras podem não se amofinar absolutamente; ou por que certos indivíduos entram em relações destrutivas; ou por que alguns se sentem miseráveis embora tenham uma família amorosa e vivam com certa abastança. Em todo caso, isso tem que ver com o modo como o indivíduo percebe as circunstâncias; isto é, com que pressuposições ele ou ela aborda a situação.
Os filósofos freqüentemente usam a expressão visão do mundo (ou cosmovisão) para descrever o conjunto de conceitos ou idéias pré-concebidas com que as pessoas abordam os dados -- científicos, religiosos, políticos, ou quaisquer outros -- interpretando-os e tirando suas conclusões. A cosmovisão é um mapa mental de como o universo funciona. Muitas de nossas escolhas sobre como interpretar a evidência científica decorrem de uma decisão inicial totalmente importante -- crer ou não em um Poder Superior.
Consideremos dois exemplos. Os naturalistas crêem que não existe "Poder Superior", e que tudo que vemos é o produto de energia e matéria guiadas pelo acaso. Os cristãos acreditam que existe um "Poder Superior", uma inteligência cósmica externa ao que percebemos como o mundo "natural". A escolha se resume às duas afirmações:
1. "No princípio era o Verbo ... todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez."
2. "No princípio eram as partículas, e as partículas se tornaram seres humanos, que fizeram Deus à sua imagem."
O apóstolo João fez a primeira afirmação, que resume a cosmovisão bíblica. A segunda afirmação descreve o Dar-winismo e representa uma cosmovisão oposta. Os defensores de cada cosmovisão devem partir da crença em uma delas. Os que têm dúvida quanto à natureza da fé depositada no sistema darwinista bem fariam em atentar para as palavras de Richard Lewontin, geneticista da Universidade de Harvard: "Ficamos ao lado da ciência apesar do patente absurdo de algumas de suas interpretações, apesar de seu fracasso em cumprir muitas de suas pródigas promessas de vida e saúde, apesar da tolerância da comunidade científica com relação a suas meras histórias não fundamentadas, porque temos um compromisso maior, um compromisso com o materialismo. ... O problema principal não é informar o público quanto ao conhecimento de quão longe está a estrela mais próxima, e do que são compostos os genes. ... Mais do que isso, o problema é levá-lo a rejeitar explicações irracionais e sobrenaturais a respeito do mundo, das divindades que existem somente em suas imaginações, e a aceitar um aparato social e intelectual, a ciência, como a única geradora da verdade."1
Os naturalistas não deveriam ser entendidos como pessoas que "não crêem". Eles têm tanta fé quanto as pessoas religiosas, tão somente crêem em algo diferente.

O que é a ciência

Ao falarmos de ciência quase sempre pensamos em física, química, computação, etc., ou no método científico, fatos, mensurações, e assim por diante. Muitos de nós não estão alertados para o fato de que a palavra ciência é usada como um guarda-chuva para abrigar atividades bastante diversificadas. Considere esta citação da revista Popular Science: "As conseqüências das deficiências na educação em ciências e matemática são visivelmente devastadoras. Somente 45% dos adultos nos E.U.A. sabem que a Terra dá uma volta ao redor do Sol anualmente. Um terço acredita que ferver leite contaminado com radioatividade o torna adequado para ser bebido. Cerca de 40% acredita firmemente que extra-terrestres têm visitado a Terra, e um impressionante 54% rejeita a idéia de que os seres humanos evoluíram a partir de espécies ancestrais."2
Vejam como o guarda-chuva da ciência é usado para abrigar duas categorias de conhecimento bastante diferentes! A compreensão disso é a chave para a boa educação científica, bem como para entender muito do conflito entre ciência e religião no mundo atual. Como proceder, então?

Diferentes espécies de ciência

Primeiramente, devemos aprender a reconhecer a diferença entre as diferentes categorias colocadas sob a denominação de "ciência". Dentre elas, por exemplo, ciência empírica e ciência histórica. Ciência empírica é o que mais nos vem à mente quando vemos a palavra ciência. É o que nos foi ensinado na escola como física e química, onde se emprega o método científico. Sua aprendizagem envolve (1) fazer observações e fazer uma indagação; (2) formular uma hipótese ou uma "tentativa de resposta" que ajude a explicar as observações; e (3) propor e executar um experimento para testar a hipótese, para ajudar a determinar se nossa tentativa de resposta é correta. Observe-se que nunca poderemos "provar" uma hipótese -- as provas somente podem existir em certos ramos da matemática.
Apliquemos este teste aos assuntos considerados na revista Popular Science mencionada anteriormente. A questão relativa à contaminação radioativa do leite é ciência empírica. Ferver o leite remove a radioatividade? Isso pode ser testado em laboratório. Esta questão, como milhares de outras semelhantes, não é objeto de controvérsia na comunidade científica, porque elas são empíricas, e as respostas são obtidas a partir de dados gerados mediante experimentos repetitíveis em laboratório.
O segundo tipo de ciência -- ciência histórica -- é distinto, sob um aspecto importante e fundamental. Ao contrário da física, da química, e de boa parte da biologia, os cientistas nesse caso não podem ir ao laboratório para testar suas hipóteses. Em ciência histórica são coletados dados no campo, que são utilizados para reconstruir o passado da maneira mais consistente possível com as evidências disponíveis. Usando uma expressão comum, pode-se dizer que em ciência histórica os cientistas observam as evidências e então "contam uma história" que se acomoda aos dados. Não há história que possa explicar todas as evidências, e ainda mais, pode existir mais de uma história que explique os dados satisfatoriamente. Como não há possibilidade de um experimento em laboratório para testar estes tipos de história, é difícil saber se uma delas é correta e outra errada. Mais importante ainda, nossa decisão sobre que história é correta é poderosamente influenciada por nossa cosmovisão.
Alguém pode objetar que a ciência histórica na realidade não é ciência, já que ela não provê respostas que possam ser verificadas experimentalmente. Entretanto, a arqueologia é reconhecida como ciência, a despeito do fato de que, mesmo utilizando procedimentos de laboratório repetitíveis, ela não possui método empírico para testar as hipóteses dos arqueólogos. Existiram os reinos de Davi e Salomão, como descritos na Bíblia? Muitos arqueólogos não crêem que existiram, enquanto outros discordem. Porém, existem fortes argumentos a respeito de sua história, devido à falta de maneira definitiva de testar as hipóteses históricas.
O mesmo acontece com a paleoantropologia, o estudo dos seres humanos antigos e seus supostos ancestrais. Devido às numerosas hipóteses possíveis, surgem constantes controvérsias nesse campo: discussões sobre que fóssil é o "elo perdido", ou sobre se este ou aquele fóssil faz parte da linha ancestral humana, ou simplesmente de um ramo extinto, etc.
A ciência histórica se faz presente não somente na arqueologia ou na paleoantropologia, mas também em certas ciências experimentais, como, por exemplo, quando os astrofísicos discutem sobre o que aconteceu durante os primeiros segundos após o Big Bang. Ninguém tem documentação visual sobre o que ocorreu então, e portanto os cientistas têm de examinar as evidências (muito limitadas) disponíveis, e então usar equações matemáticas para explicar a história do que poderia ter ocorrido quando o universo estava nascendo. Em seguida, eles comparam sua posição com as observações que estão sendo feitas, e finalmente, discutem com quem tiver uma opinião diferente.
Da mesma forma, na química são feitas tentativas de estabelecer um modelo para a atmosfera da Terra "primitiva", para tentar explicar como surgiu a vida através de processos estritamente físicos. Mediante o exame das rochas mais antigas que possam ser encontradas, mediante a reunião de todas as pistas que possam ser encontradas a respeito das condições da atmosfera "primitiva", e então combinando essas descobertas com o conhecimento atual das reações químicas, os cientistas têm tentado simular um modelo para a atmosfera "primitiva" da Terra. Obviamente, não há como saber quão acuradas essas simulações podem ser. A pesquisa sobre a origem da vida utiliza muitas técnicas científicas, e é levada a cabo em laboratórios científicos, porém permanece indiscutivelmente na categoria de ciência histórica porque as conclusões a que chegam os pesquisadores não podem ser confirmadas nem refutadas.

Darwinismo: ciência histórica?

Talvez o exemplo mais controvertido de ciência histórica seja encontrado na biologia. A explicação usualmente aceita para a origem da vida e sua fenomenal diversidade é o Darwinismo, que afirma ter a vida surgido em resultado de evolução química, tendo a primeira célula viva dado origem a toda a variedade de vida existente sobre a Terra. De acordo com esta visão, a origem da vida e o desenvolvimento de todas as suas formas subseqüentes foram efetuadas pela interação aleatória de substâncias químicas. Inicialmente elas formaram as moléculas necessárias para uma célula viva, o DNA e milhares de proteínas, incluindo muitas enzimas essenciais para o funcionamento da célula. Uma vez esta célula tendo passado a existir, ela gradualmente teria evoluído para formar outros tipos de células, e daí seres pluricelulares, até finalmente as milhões de espécies diferentes que passaram a existir, inclusive os que agora estão lendo este artigo. Essa transformação miraculosa supostamente foi realizada somente mediante mutações nas moléculas de DNA que constituem o código genético -- mutações aleatórias na disposição das quatro "letras" a partir das quais são formadas as palavras de nosso código de DNA. E sobre ele então teria havido a atuação do ambiente, em um processo que Darwin denominou "seleção natural".
Ainda que grande número de evidências possa ser racionalmente interpretado para apoiar a visão darwinista (principalmente na área da adaptação de organismos existentes para melhor se enquadrarem em seu ambiente), a história da origem da vida, do código genético e dos diferentes projetos estruturais existentes no mundo vivo localiza-se no âmbito da ciência histórica. Isto se dá porque, qualquer que seja o cenário preferido para a explicação dessas coisas, nenhum deles pode ser testado em laboratório de maneira a (potencialmente) prová-lo ou refutá-lo. O Darwinismo, apesar de seu status atual de "fato científico", na realidade nada mais é do que uma história que é contada para explicar como estamos aqui, incorporando o maior número possível de evidências. Em algumas áreas ele produz bons resultados, mas em outras ele enfrenta dificuldades significativas. Não há como testar as hipóteses de Darwin experimentalmente, e outras histórias podem ser contadas para a explicação da mesma evidência. E de fato algumas das histórias alternativas são apoiadas mais fortemente pelas evidências disponíveis mais recentes.
Embora a história darwinista sobre as origens esteja em uma categoria distinta da ciência empírica praticada em laboratório, os livros didáticos e os meios de comunicação populares a apresentam como fato, no mesmo sentido em que a lei da gravidade. Além disso, qualquer alternativa a esta história preferencial enfrenta enérgica resistência. Freqüentemente os que assumem a posição darwinista ignoram os questionamentos envolvidos, recorrendo a ataques verbais, ao apelo à autoridade, ou à atribuição de falsas afirmações aos oponentes, para em seguida desmentí-las.
Recentemente, eminentes darwinistas na Inglaterra atacaram certas escolas cristãs (dentre as quais uma dirigida por adventistas do sétimo dia) porque seus currículos incluíam tanto a evolução darwinista quanto a criação bíblica. Eles argumentavam que as escolas deviam apresentar somente o darwinismo, e não deveriam incluir evidências empíricas que apoiassem quaisquer outras hipóteses sobre as origens. A cosmovisão darwinista supõe que não houve projeto ou projetista. Desta forma, a visão darwinista da origem naturalística da vida é aceita como um fato pela comunidade científica majoritária, apesar das evidências colhidas em campo e em laboratório. É este fato que torna os cientistas naturalistas "crentes" tanto quanto os criacionistas, embora o objeto da crença não seja o mesmo para ambos.

Conclusão

Todas as pessoas crêem em alguma coisa ou em alguém. Mesmo os cientistas têm um sistema de crenças. Em face disso, os cristãos não têm do que se desculpar quanto ao seu sistema de crenças. Pelo contrário, em sua abordagem à ciência, eles deveriam proceder com (1) respeito e atenção pela pesquisa científica que se relaciona estritamente com o empírico; e (2) humildade e tolerância com relação a outros pontos de vista que tenham apoio de evidências em várias áreas da ciência histórica. Entrementes, os cristãos deveriam desenvolver compreensão mais abrangente da perspectiva do Desígnio Inteligente, apoiando-a, de modo a não serem intimidados ou silenciados por aqueles que insistem que a crença no sobrenatural não tem base científica. Ao fazermos isto, acharemos que muito da pesquisa atual em biologia molecular e na genética mina a posição darwinista, e ao mesmo tempo apóia a idéia de um Planejador.3 Muitos dados favorecem nossa posição.