A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

06/06/2013

A festa Junina e o Cristão !




Por Augustus Nicodemus
A festa celebra o nascimento de João Batista, que virou um dos santos católicos. É realizada no dia 24 de junho com base no fato que João Batista havia nascido seis meses antes de Jesus (Lc 1:26,36). Se o nascimento de Jesus (Natal) é celebrado em 25 de dezembro, então o de João Batista é celebrado seis meses antes, em 24 de junho. É claro que estas datas são convenções, apenas, pois não sabemos ao certo a data do nascimento do Senhor.
A origem das fogueiras nas celebrações deste dia é obscura. Parece que vem do costume pagão de adorar seus deuses com fogueiras. Os druidas britânicos, segundo consta, adoravam Baal com fogos de artifício. Depois a Igreja Católica inventou a história que Isabel acendeu uma fogueira para avisar Maria que João tinha nascido. Outra lenda é que na comemoração deste dia, fogueiras espontâneas surgiram no alto dos montes.
Já a quadrilha tem origem francesa, sendo uma dança da elite daquele país, que só prosperou no Brasil rural. Daí a ligação com as roupas caipiras. Por motivos obscuros acabou fazendo parte das festividades de São João.
Fazem parte ainda das celebrações no Brasil (é bom lembrar que estas festas também são celebradas em alguns países da Europa) as comidas de milho – provavelmente associadas com a quadrilha que vem do interior – as famosas balas de “Cosme e Damião.” São realizadas missas e procissões, muitas rezas e pedidos feitos a São João. As comidas são oferecidas a ele.
Se estas festividades tivessem somente um caráter religioso e fossem celebradas dentro das igrejas como se fossem parte das atividades dos católicos, não haveria qualquer dúvida quanto à pergunta, “pode um evangélico participar?” Acontece que as festas juninas foram absorvidas em grande parte pela cultura brasileira de maneira que em muitos lugares já perdeu o caráter de festa religiosa. Para muitos, é apenas uma festa onde acendem-se fogueiras, come-se milho preparado de diferentes maneiras e soltam-se fogos de artifício, sem menção do santo, e sem orações ou rezas feitas a ele.
Paulo enfrentou um caso semelhante na igreja de Corinto. Havia festivais pagãos oferecidos aos deuses nos templos da cidade. Eram os crentes livres para participar e comer carne que havia sido oferecida aos ídolos? A resposta de Paulo foi tríplice:
- O crente não deveria ir ao templo pagão para estas festas e ali comer carne, pois isto configuraria culto e portanto, idolatria (1Cor 10:19-23). Na mesma linha, eu creio que os crentes não devem ir às igrejas católicas ou a qualquer outro lugar onde haverá oração, rezas, missas e invocação do São João, pois isto implicaria em culto idólatra e falso.
- O crente poderia aceitar o convite de um amigo pagão e comer carne na casa dele, mesmo com o risco de que esta carne tivesse sido oferecida aos ídolos. Se, todavia, houvesse alguém presente ali que se escandalizasse, o crente não deveria comer (1Cor 10:27-31). Fazendo uma aplicação para nosso caso, se convidado para ir a casa de um amigo católico neste dia para comer milho, etc., ele poderia ir, desde que não houvesse atos religiosos e desde que ninguém ali ficasse escandalizado.
- E por fim, Paulo diz que o crente pode comer de tudo que se vende no mercado sem perguntar nada. A exceção é causar escândalo (1Cor 10:25-26). Aplicando para nosso caso, não vejo problema em o crente comer milho, pamonha, mungunzá, etc. neste dia e estar presente em festas juninas onde não há qualquer vínculo religioso, desde que não vá provocar escândalos e controvérsias. Se Paulo permitiu que os crentes comessem carne que possivelmente vieram dos templos pagãos para os açougues, desde que não fosse em ambiente de culto, creio que podemos fazer o mesmo, ressalvado o amor que nos levaria à abstinência em favor dos que se escandalizariam.
Segue abaixo parte de um livro meu onde abordo com mais detalhes o que Paulo ensinou aos coríntios em casos envolvendo a liberdade cristã.
O CULTO ESPIRITUAL, Augustus Nicodemus Lopes. Cultura Cristã, 2012.
“A situação de Corinto era diferente. O problema lá não era o mesmo tratado no concílio de Jerusalém. O problema não era os escrúpulos de judeus cristãos ofendidos pela atitude liberal de crentes gentios quanto à comida oferecida aos ídolos. Portanto, a solução de Jerusalém não servia para Corinto. É provavelmente por esse motivo que o apóstolo não invoca o decreto de Jerusalém.[1] Antes, procura responder às questões que preocupavam os coríntios de acordo com o princípio fundamental de que só há um Deus vivo e verdadeiro, o qual fez todas as coisas; que o ídolo nada é nesse mundo; e que fora do ambiente do culto pagão, somos livres para comer até mesmo coisas que ali foram sacrificadas.
1. A primeira pergunta dos coríntios havia sido: era lícito participar de um festival religioso num templo pagão e ali comer a carne dos animais sacrificados aos deuses? Não, responde Paulo. Isso significaria participar diretamente no culto aos demônios onde o animal foi sacrificado (1 Co 10.16-24). Paulo havia dito que os deuses dos pagãos eram imaginários (1 Co 10.19). Por outro lado, ele afirma que aquilo que é sacrificado nos altares pagãos é oferecido, na verdade, aos demônios e não a Deus (10.20). Paulo não está dizendo que os gentios conscientemente ofereciam seus sacrifícios aos demônios. Obviamente, eles pensavam que estavam servindo aos deuses, e nunca a espíritos malignos e impuros. Entretanto, ao fim das contas, seu culto era culto aos demônios. [2] Paulo está aqui refletindo o ensino bíblico do Antigo Testamento quanto ao culto dos gentios:
Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus… (Dt 32.17)
…pois imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios (Sl 106.37).
O princípio fundamental é que o homem não regenerado, ao quebrar as leis de Deus, mesmo não tendo a intenção de servir a Satanás, acaba obedecendo ao adversário de Deus e fazendo sua vontade. Satanás é o príncipe desse mundo. Portanto, cada pecado é um tributo em sua honra. Ao recusar-se a adorar ao único Deus verdadeiro (cf. Rm 1.18-25), o homem acaba por curvar-se diante de Satanás e de seus anjos.[3] Para Paulo, participar nos festivais pagãos acabava por ser um culto aos demônios. Por esse motivo, responde que um cristão não deveria comer carne no templo do ídolo. Isso eqüivaleria a participar da mesa dos demônios, o que provocaria ciúmes e zelo da parte de Deus (1 Co 10.21-22). Paulo deseja deixar claro para os coríntios “fortes”, que não tinham qualquer intenção de manter comunhão com os demônios, que era a atitude deles em participar nos festivais do templo que contava ao final. Era a força do ato em si que acabaria por estabelecer comunhão com os demônios.[4]
2. Era lícito comer carne comprada no mercado público? Sim, responde Paulo. Compre e coma, sem nada perguntar (1 Co 10.25). A carne já não está no ambiente de culto pagão. Não mantém nenhuma relação especial com os demônios, depois que saiu de lá. Está “limpa” e pode ser consumida.
3. Era lícito comer carne na casa de um amigo idólatra? Sim e não, responde Paulo. Sim, caso não haja, entre os convidados, algum crente “fraco” que alerte sobre a procedência da carne (1 Co 10.27). Não, quando isso ocorrer (1 Co 10.28-30).
O ponto que desejo destacar é que para o apóstolo Paulo a carne que havia sido sacrificada aos demônios no templo pagão perdia a “contaminação espiritual” depois que saia do ambiente de culto. Era carne, como qualquer outra. É verdade que ele condenou a atitude dos “fortes” que estavam comendo, no próprio templo, a carne sacrificada aos demônios. Mas isso foi porque comer a carne ali era parte do culto prestado aos demônios, assim como comer o pão e beber o vinho na Ceia é parte de nosso culto a Deus. Uma vez encerrado o culto, o pão é pão e o vinho é vinho. Aliás, continuaram a ser pão e vinho, antes, durante e depois. A mesma coisa ocorre com as carnes de animais oferecidas aos ídolos. E o que é verdade acerca da carne, é também verdade acerca de fetiches, roupas, amuletos, estátuas e objetos consagrados aos deuses pagãos. Como disse Calvino,
Alguma dúvida pode surgir se as criaturas de Deus se tornam impuras ao serem usadas pelos incrédulos em sacrifícios. Paulo nega tal conceito, porque o senhorio e possessão de toda terra permanecem nas mãos de Deus. Mas, pelo seu poder, o Senhor sustenta as coisas que tem em suas mãos, e, por causa disto, ele as santifica. Por isso, tudo que os filhos de Deus usam é limpo, visto que o tomam das mãos de Deus, e de nenhuma outra fonte.[5]”
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[1] Note que Paulo não teve qualquer problema em anunciar o decreto em Antioquia, o que produziu muito conforto entre os irmãos (At 15.30-31).
[2] Não somente Paulo, mas os cristãos em geral tinham esse conceito. João escreveu: “Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar” (Ap 9.20).
[3] Cf. Charles Hodge, A Commentary on 1 & 2 Corinthians (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1857; reimpressão 1978) 193.
[4] Hodge (1 & 2 Corinthians, 194) chama a nossa atenção para o fato de que o mesmo princípio se aplica hoje aos missionários que, por força da “contextualização”, acabam por participar nos festivais pagãos dos povos. Semelhantemente, os protestantes que participam da Missa católica, mesmo não tendo intenção de adorar a hóstia, acabam cometendo esse pecado, ao se curvar diante dela.
[5] João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, em Comentário à Sagrada Escritura, trad. Valter G. Martins (São Paulo: Paracletos, 1996) 320.
Resto do Post

Sinais e Selos de União!




Por  Joel Beeke


Assim como ele chamou o mundo á existência pelo poder de sua Palavra (Sl. 33:6-9; Hb. 11:3), assim também Deus traz sua igreja à existência pelo poder do chamado do evangelho (2Ts. 2:13-14; 1Pe. 2:9-10). Tal chamado nos invoca à união com Cristo pela fé, como um povo sob o Deus trino (Ef. 4:4-6). A igreja é definida por nosso chamado á comunhão com Cristo e uns com os outros, como Paulo lembra aos coríntios: “À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos. [...] Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Co. 1:2a, 9; e ao longo do capítulo).

A comunhão com Deus em Cristo está no âmago do cristianismo empírico. A plenitude da alegria da igreja é ter comunhão uns com os outros e com o Pai e o Filho (1 João 1:3-4). Por causa de nossa união com Cristo como membros de seu corpo, a igreja (Ef. 1:22-23), o Espírito de Cristo que habita em Cristo como cabeça, habita em todos os seus membros (Rm. 8:9).

O Espírito que habita é a essência de nossa comunhão com o Pai e com o Filho (2Co. 13:14; Ef. 2:18). João Calvino disse: “O Espírito Santo é o elo pelo qual Cristo eficazmente nos une a si mesmo” (Institutas 3.1.1). Como marido e mulher são “uma só carne,” nós somos “um só espírito” com o Senhor Jesus (1Co. 6:16-17). Imagine o quão próximo você seria de um amigo se sua própria alma pudesse habitar nele. Tal é a intimidade de Cristo com cada um de seus membros através da habitação do Espírito Santo. Esse mesmo Espírito nos batiza em um único corpo de Cristo, nos unindo em fé, adoração e serviço (1 Co. 12:12-13; Confissão Belga, Artigo 27).

Portanto, não deveria ser surpresa que os sacramentos da igreja confirmam e manifestam nossa união com Cristo e uns com os outros. Gálatas 3:26-28 diz:

"Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus."

Gálatas 3:26 diz claramente que somos salvos pela fé, não por qualquer uma de nossas obras, quer sejam obras morais como guardar os Dez mandamentos, ou obras cerimoniais como a circuncisão, o batismo ou a Ceia do Senhor (veja também 2:16; 5:2). Ainda assim, o versículo 27 diz que aqueles que foram batizados, se revestiram de Cristo e, portanto, são “um em Cristo.” Como isso deve ser entendido? Eles devem olhar para seu batismo não como uma causa, mas como um sinal de sua união com Cristo pela fé e, nele, uns com os outros. Em seu Catecismo de 1545, Calvino estabelece esta definição:

O que é um sacramento? Uma atestação da graça de Deus que, por sinal visível, representa coisas espirituais para cunhar as promessas de Deus mais firmemente em nossos corações, e tornar-nos mais certos delas. (Q. 310)

Se o próprio sacramento do batismo nos uniu a Cristo e nos salvou, seria inconcebível para Paulo escrever que “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho” (1Co. 1:17). Por que pregar o evangelho se os resultados desejados poderiam ser obtidos simplesmente ao batizar todas as pessoas? O evangelho, não o batismo, é “o poder de Deus para a salvação” (Rm. 1:16). Calvino disse:

Não devemos ser tomar o sinal terreno de maneira a buscar nossa salvação nele, nem devemos imaginar que ele tem um poder peculiar incluso nele. Pelo contrário, devemos empregar o sinal como uma ajuda, para nos levar diretamente ao Senhor Jesus, para que encontremos nele nossa salvação e [...] felicidade. (Catecismo Q. 318)

Assim, Paulo nos adverte em 1 Coríntios 10:1-5 que nós podemos receber os sacramentos mas ainda sermos incrédulos, não-convertidos e, derradeiramente, rejeitados por Deus:

Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto.

Note como ele faz alusão aos sacramentos da nova aliança falando do batismo, de comida e de bebida. Sacramentos não salvam e nem podem salvar.

Isso significa que o batismo e a Ceia do Senhor são apenas cerimônias de recordação? De maneira nenhuma. Os apóstolos frequentemente exortaram os crentes a olhar para trás para seu batismo como um sinal de sua união com aquele que morreu e ressuscitou (Rm. 6:3-4; Gl. 3:27; Ef. 5:25-26; Cl. 2:12; 1Pe. 3:21-22). O pão que partimos e o cálice que abençoamos são a comunhão do corpo e do sangue de Cristo (1Co. 10:16). Utilizados em fé, são meios de aproximar-se de Cristo, acessar os benefícios de sua obra expiatória aplicando-a a nós mesmos e encontrando graça para viver para Deus (Rm. 6:1-14).

Os sacramentos são meios pelos quais Cristo, através da obra de seu Espírito, oferece as si mesmo a nós para ser recebido por fé. É por isso que Paulo falou de receber comida e bebida “espirituais” de Cristo (1Co. 10:3-4), de ser batizado pelo Espírito e beber do Espírito (12:13), assim como ser cheio do Espírito (Ef. 5:18).

Calvino escreveu: “Se falta o Espírito, os sacramentos não podem efetuar nada.” (Institutas 4.14.9). E mais:

O Espírito verdadeiramente é o único que pode tocar e mover nossos corações, iluminar nossas mentes e encorajar nossas consciências; para que tudo isso seja julgado como sua própria obra, que louvor seja atribuído a ele somente. Não obstante, o próprio Senhor faz uso dos Sacramentos como instrumentos inferiores como lhe convém, sem que eles de maneira nenhuma depreciem o poder de seu Espírito. (Catecismo Q. 312)

Quando a igreja se reúne em nome de Cristo e celebra a Santa Ceia em memória dele, temos real comunhão ou comunhão espiritual com Cristo. Note a repetição da palavra “comunhão” (do grego koinōnia: “comunhão, participar ou partilhar em comum”) de várias formas em 1 Coríntios 10:16-20:

Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão. Considerai o Israel segundo a carne; não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são participantes [koinōnoi] do altar?  Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados [koinōnous] aos demônios.

O que Paulo quis dizer ao falar que participar do pão e do cálice é a “comunhão” do corpo e do sangue de Cristo? Em parte, ele quis dizer que somos através disso unidos como “um corpo” (v. 17). Temos comunhão uns com os outros. Mas há mais. Calvino disse: “Mas de onde, lhes pergunto, vem essa koinōnia (comunhão) entre nós, senão pelo fato de que somos unidos a Cristo?” (comentário em 1Co. 10:16).

Paulo usa a mesma linguagem de koinōnia com respeito aos adoradores do Antigo Testamento. Comendo os sacrifícios, eles tinham comunhão no altar. Eles compartilharam uma refeição com Deus na base do sacrifício de sangue e através de um sacerdócio ordenado. A igreja compartilha uma refeição pactual com o Senhor, banqueteando em sua presença mediante graça comprada por sangue.

Paulo também usou a mesma linguagem para adoradores pagãos: eles têm comunhão com demônios. Eles adoram na presença de espíritos imundos. Paulo está dizendo que os adoradores de fato se conectam com os seres caídos que adoram. Se tomamos parte com demônios, esta é uma forma de adultério espiritual que provoca o ciúme de Deus (v. 22). Obviamente tal “comunhão” é uma realidade espiritual de grande significado. Paulo define essa adoração pagã em direto contraste com a Ceia do Senhor, obviamente querendo que as vejamos como paralelas (v. 21).

Assim, vemos o que Paulo quer dizer com “a comunhão do sangue de Cristo.” Nós renunciamos os poderes de Satanás e temos comunhão espiritual com o próprio Cristo, crucificado por nós, e agora ressurreto e exaltado como nosso Cabeça e Sumo Sacerdote espiritual. Nós banqueteamos nos benefícios de sua morte expiatória e no poder de sua vida infinita. Calvino disse que a Ceia é “um banquete espiritual, em que Cristo afirma a si mesmo como sendo o pão que dá vida, no qual nossas almas se alimentam de verdadeira e bendita imortalidade [João 6:51]” (Institutas 4.17.1).

Valorizemos os sacramentos como “preciosas ordenanças de Deus” para serem usados através da fé em Cristo. Se os usarmos como “hipócritas, nos quais o mero símbolo desperta orgulho,” nossa confiança é colocada no lugar errado, e os símbolos físicos são vazios. Mas se os recebermos como aqueles que são unidos a Cristo através de verdadeira fé, vemos “as promessas que eles exibem da graça do Espírito Santo” (comentário de Calvino em Gl. 3:27), e, através da fé, Cristo habitará cada vez mais em nossos corações (Ef. 3:16-17).

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Por Joel Beeke. Extraído do site www.ligonier.org. © 2013 Ligonier Ministries. Original:Signs and Seals of UnionEste artigo faz parte da edição de Fevereiro de 2013 da revista Tabletalk sobre “União com Cristo”.
Tradução: Alan Cristie. Ministério Fiel © Todos os direitos reservados. Original: Sinais e Selos de União (Joel Beeke)

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