A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

09/03/2009

CINISMO!



por Sandra Cristina Amaral

O Cinismo foi uma filosofia fundamentada por um apóstolo de Sócrates, intitulado Antístenes de Atenas, cerca de 400 A. C., e a sua tese filosófica concebia que o êxito não deriva de nada exterior à própria pessoa, ou seja, os objectos, o reconhecimento extático, a sanidade, o tormento e o óbito, nada disso nos pode guiar à ventura. Segundo ele, é exactamente a independência de tudo que nos pode conduzir à felicidade que, uma vez conquistada, jamais poderá ser perdida.

Em verdade vos digo que o vocábulo "cinismo" angariou a conotação que tem contemporaneamente de displicência e apatia ao sentir e ao sofrer dos nossos semelhantes.

Actualmente, são inúmeras as criaturas que apresentam essa denominada faceta cínica. Indivíduos que diariamente nos sorriem, quando em sincronia nos martirizam nos seus mais resguardados pensamentos. Pessoas que, constantemente e, sem piedade pelo nosso sofrimento, nos cravam gigantescos e afiados punhais nas costas, porque não têm a coragem de fazê-lo pela frente, olhando nos nossos olhos.

Devo confessar, digníssimos leitores, que tenho demasiadas imperfeições, todavia e ditosamente o cinismo e a hipocrisia não fazem parte dessa minha dilatada listagem. Tenho carácter. Jamais consigo sorrir se estou descontente e chorar se estou contente. Jamais consigo proclamar palavras amenas se estou encolerizada e palavras abomináveis se estou serena.



Findando, interrogo-me e interrogo o digníssimo leitor: quando se porá fim ao cinismo da nossa mal cognominada sociedade? Quando acabará a hipocrisia dos que mandam? E a inércia dos que são mandados, quando acabará? Quando deixaremos de lacrimejar sobre nós próprios? Quando deixaremos de bater com a mão no peito, durante a homilia dominical, e dizer que é por nossa culpa, por nossa tão grande culpa, quando não é isso que sentimos?

E que assim seja!

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