A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!
Martinho Lutero
18/09/2009
A SÍNDROME DO REI...
Por Caio Fabio
O rei tem direito a tudo [...] ou a quase tudo...
Na Bíblia, quando Israel pede um rei, a advertência de Deus pelo Profeta Samuel, era que o povo não sabia o que desejava ao pretender ter um rei humano...; pois, ao rei se daria tudo..., do melhor do campo às melhores mulheres..., do imposto ao serviço demandado..., e, sobretudo, se daria a alma a fim de cumprir caprichos e desejos do rei na forma de grandes obras e construções...; sem falar que a descendência do rei teria garantida a seqüência do poder real, de modo que um imbecil, criado e mimado como idiota, se torna o rei por vir...
Só que o ser ou se sentir rei é uma droga viciante...
Ora, tal fenômeno atinge a todos os que têm impérios ou reinados, não importando o tamanho, o âmbito e a natureza do sentir soberano da pessoa...
Na realidade, essa Síndrome de Rei, além de dar com freqüência em coração de políticos, empresários, gurus, bispos, autoridades religiosas, apóstolos carismáticos, mafiosos, bandidos muito fortes, médicos geniais ou arrogantes, advogados sempre vencedores, juizes arbitrários, e em toda e qualquer pessoa vaidosa e com muito poder — também ocorre em gente pobre e sem poder no mundo, mas que justamente por esta razão, assumem o poder como machismo... [no caso majoritário, de homens...]; que é a frustração do homem que nunca será Rei de muitos...; embora, no âmbito de sua casa, casamento e família, ele, esse homem sem poder para fora..., seja um déspota perverso..., seja um marido brutal..., seja um pai cheio de caprichos e regras..., seja um filho mandão..., seja um irmão superior..., seja um primogênito cheio de direitos de nada..., seja um medíocre aos seus próprios olhos..., mas, justamente por isto, amargurado até à morte..., enquanto massacra os pobres familiares ou subservientes em geral...; sim, em razão de sua raiva em relação à existência..., que não fez dele o rei que ele desejaria ser..., ainda que não saiba exatamente disso.
Amargura..., de um lado, no lado pobre e fraco; e adulação..., do outro lado, do lado rico e poderoso — são os dois maiores propulsores da Síndrome de Rei.
Ora, se você adiciona a isto ainda a Síndrome de Lúcifer, que é aquela que ataca o coração “ungido, carismático, messiânico”, o resultado é o nascimento de um Bispo, ou de um Apóstolo, ou de um Papa... — que são os Reis Ungidos... Sim, esses fazem a pior versão da Síndrome de Rei.
A Síndrome de Rei também ataca os muito inteligentes e ocupados, que sabem do seu valor, do valor do seu tempo, e, por isto, tornam-se extremamente exigentes em relação a tudo que diga respeito à sua eficiência...
Sim, tudo tem que existir para maximizar o potencial do Rei da Competência...
O fato é que desde que se desejou “ser como Deus” que não apenas a Síndrome de Lúcifer nos atacou..., de um modo ou de outro, mas, também, a sua versão mais terrena e imediata, que é a Síndrome de Rei.
Assim, simplificando, eu digo a você e a mim mesmo, que todos os dias temos que lutar ou estar apercebidos em relação à Síndrome de Lúcifer, ou, no mínimo, estar atentos à Síndrome do Rei, que é a obsessão de importância que ataca a todos os amargurados, a todos os adulados e a todos os muito capazes e importantes aos seus próprios olhos.
Quem não encontrar sinais de nada disso em si mesmo nunca, seja pela vida da pobreza amargurada e que se torna abusiva, seja pela via da adulação que cria um idiota, seja pela via da competência que cria um arrogante — então esse é varão livre e liberto, para além de toda tentação e egoísmo, e, portanto, não deve levar a sério nada do que escrevi, pois, não é para tal pessoa...; embora, sinceramente, eu diga a você: tudo aqui é para mim...
A única cura para esse mal é aquela que decorre da renovação diária da consciência, na busca de termos em nós mesmos o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação ser igual a Deus, antes a Si mesmo se humilhou, se tornou uma figura humana, e aceitou ser obediente até a morte, e morte de Cruz, pelo que Deus o exaltou, e lhe deu o nome que está sobre todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, tanto no céu quanto na terra, e toda língua confesse que Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai.
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