Autor: José Geraldo Vinci de Moraes
A Reforma Protestante implicou mudanças sócias e políticas em toda a Europa. Com a crise da Igreja Católica romana, a maioria das populações do centro e do norte da Europa convertia-se ao protestantismo, principalmente porque ele se ajustava melhor ao universo do capitalismo em evolução[e]. Isso causou imediatamente sérios problemas políticos, levando ao conflito violento os adeptos das duas religiões e ao confronto os Estados católicos e protestantes.
A Igreja católica romana cada vez mais perdia espaços no quadro geopolítico europeu, além de sofrer pesadas perdas de fiéis. Procurando impedir o avanço da Reforma Protestante, ela realizou sua própria reforma nos padrões mais tradicionais do catolicismo, também conhecida como a Contra-Reforma. A Igreja católica tentaria combater o protestantismo e restaurar a hegemonia do catolicismo por meio de doutrina e força. Para alcançar tal objetivo a Igreja precisou tomar algumas atitudes:
A reativação da Inquisição, ou Tribunal do Santo Ofício. A Inquisição foi criada noséculo XIII para julgar e punir os hereges. Ela reassumiu esse papel, no século XVI, e obteve muita força nas monarquias católicas de Portugal e Espanha, que usaram a Inquisição para perseguir principalmente os judeus; estes transferiram-se em grande número para os Paises Baixos ou se converteram (os cristãos novos).
A criação da Companhia de Jesus, em 1534, por Inácio de Loyola, com o objetivo de divulgar o catolicismo, principalmente por meio da educação. Organizados em moldes quase militantes, os jesuítas foram muito importantes para a defesa do catolicismo e sua propagação na América e na África. Nesses dois continentes recém-colonizados eles conseguiram um grande espaço para o catolicismo pela educação e catequização dos indígenas (é o caso de lembrar aqui dois destacados jesuítas na catequização dos índios brasileiros, José de Anchieta e Manoel da Nóbrega). No campo doutrinário, o papa Paulo III organizou o Concílio de Trento (1545 – 1563) para definir quais as novas posturas católicas. De forma geral, todos os dogmas e sacramentos condenados pelos protestantes foram reafirmados nesse Concílio.
Foi criado o Índice de Livros Proibidos (Index Librorum Prohibitorum), em 1564. Tratava-se de uma lista de livros proibidos elaborada pelo Tribunal do Santo Ofício. Toda obra impressa deveria passar pela análise do Tribunal, que o “recomendava” ou não aos católicos. Na realidade a Igreja estava censurando obras artísticas, cientificas, Filosóficas e teologias. Um cientista que teve suas obras reprovadas foi Galileu Galilei.
Foi reafirmada a infalibilidade do papa, defendendo sua autoridade sobre todos os católicos.
As obras e sacramentos foram mantidos com fundamentais para a salvação da alma.
Foram criados seminários para formação intelectual e religioso dos padres.
Foi proibida a venda de indulgência e relíquias eclesiásticas.
Foi mantido o celibato clerical (proibição do casamento de padres e freiras).
Como se vê, a Contra-Reforma mantinha-se dentro da tradição. Tal postura acabou produzindo intolerância religiosa de ambos os lados, acirrando os conflitos entre católicos e protestantes por toda a Europa.
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