Por Daniel Grubba
Para todo aquele que ama a Escritura Sagrada e deseja uma completa transformação por intermédio da Palavra, o estudo da hermenêutica bíblica é imprescindível. Não somente porque a hermenêutica lida com os princípios técnicos para a correta compreensão e interpretação das Escrituras, mas principalmente porque incluiu em sua proposta fundamental a aplicação da Palavra à vida, sendo este, o propósito último de todo labor hermenêutico.
Devemos afirmar que a interpretação bíblica não é um fim em si mesmo, mas um meio que visa a um fim. Roy Zuck, professor do Seminário Teológico de Dallas, diz que “o a objetivo do estudo da Bíblia não se limita a apurar o que ela diz e o seu significado; inclui a aplicação dela à vida”. Portanto, o verdadeiro objetivo do estudo da Bíblia não é informar; é transformar. A informação neste caso, só passa a ter valor à medida que nos transforma, pois caso o contrário vira tão somente um processo mental cognitivo, sem valor existencial e espiritual. A redução da revelação bíblica a um depósito de informações corretas é um conhecimento que ensoberbece (I Co 8.1).
O teólogo católico Dr. Jung Mo Mung aponta para o fato de que a principal finalidade da revelação de Deus não é meramente informativa, mas pedagógica. Ele diz: “Deus não se revela para que o ser humano saiba algo que é muito difícil ou impossível de saber, mas sim para que o ser humano seja de outra maneira e vive de um modo mais humano”. Nas palavras teólogo latino-americano Juan Luis Segundo, “a revelação divina é um processo, um crescimento da humanidade, e nele o homem não aprende coisas, aprende a aprender”.
Toda esta ênfase central do processo hermenêutico se propõe a estabelecer certos cuidados, a saber: preocupar-se de menos com a aplicação bíblica ou se preocupar de mais. No caso em que a aplicação das Escrituras é negligenciada, o estudo bíblico fica reduzido ao academicismo vazio. Por outro lado, a pressa em aplicar o texto sem nenhuma preocupação com a correta interpretação dá margem a aplicação incorreta da Bíblica.
A Bíblia no exorta a termos o coração aberto para deixarmos que o conhecimento da revelação transforme nossa realidade. Tiago, em sua carta, nos alerta quando ao engano de ouvir a mensagem e não praticar. Ele diz:
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar” (Tg 1.22-25).
Esta idéia não é original de Tiago, ele certamente aprendeu com Jesus. Pois assim diz o Mestre:
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha” (Mt 7.24); “E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia” (v. 26)
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