Por João Calvino
Assim, diz-se que o homem tem
livre arbítrio, não porque ele é livre para escolher o bem ou o mal, mas
porque o mal que ele faz isso de forma voluntária e não sob coação. Isso é
verdade, mas para que um título tão arrogante a algo tão sem importância?
Excelente liberdade, de
fato, dizer que o homem não é forçado para o pecado, mas assim é escravo
voluntário e sua vontade é acorrentada pelas cadeias do pecado!
Certamente detesto todas estas
disputas por meras palavras, com as quais as Igrejas se perturbam e por isso
serei sempre do parecer que se evitem as palavras, que contém algo absurdo,
principalmente as que dão ocasião para erros.
Pois bem, quem é que quando
ouve que o homem tem livre arbítrio, no
primeiro momento, não entende que o homem é senhor de seu entendimento e de sua
vontade, podendo se inclinar naturalmente para uma ou outra alternativa?
Mas, talvez, alguns digam que
este perigo é evitado se adequadamente for ensinado ao povo como deve ser
compreendido o termo "livre arbítrio".
Eu, pelo contrário, afirmo que
conhecendo nossa inclinação natural para a mentira e a falsidade, encontraremos
ainda mais ocasião para fortalecer o erro, por causa de uma simples palavra, ao
invés de sermos instruído na exposição completa da verdade. E temos muitas
experiências nesta expressão utilizada.
Pois bem, independente das explicações dos antigos sobre o assunto, os
que vieram depois, preocupados apenas como as palavras soavam, tomarão-se de
ocasião para ensoberbecer-se, destruindo-se a si mesmos com seus orgulhos.
As Institutas Livro II, II, 07
versão em espanhol – traduzido e adaptado por Carlos Reghine
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