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Martinho Lutero

20/01/2012

Contaminações, brigas e decadência espiritual na época que antecedeu a Reforma Cristã - O Período das Trevas




Por Carlos Reghine – extraído do trabalho “Oikonomia” – Um caminho sobremodo excelente de autoria do blogueiro.





Do período das Igrejas Primitivas até a Reforma Protestante do século XV e XVI, grandes acontecimentos marcaram a história da Igreja Cristã, épocas que deixaram marcas: ora positivas como vitórias e peregrinações, ora negativas como perseguições e vícios.


Após a expansão do cristianismo e das comunidades cristãs dentro de um império pagão romano (paganismo, religião politeísta predominante grega), os cristãos sofreram grandes perseguições, muitos resistiram a sofrimento e se tornaram mártires na história do cristianismo, forçados a renunciar a fé cristã, eram torturados e suportavam as mais diversas atrocidades, quando não, eram deixados em pobreza absoluta.

Foi um período conhecido como séculos das trevas e poucos crentes permaneceram fiéis a Palavra de Deus, aqueles que não contaminavam suas vestes com ambição e poder.

As autoridades eclesiásticas firmavam acordos políticos com o Império Romano, tornando-se infiéis a Cristo, diminuíam o poder espiritual, aumentavam em soberba e mundanismo, mudavam ritos cristãos e misturavam com ritos judaicos e pagãos, transformando crentes em seres supersticiosos, ambicionavam salários e posses de terras, em brigas com monges e seus mosteiros, além de sustentarem luxos e riquezas. Existiam ainda as brigas entre bispos e presbíteros pelo poder e superioridades o que aumentava a decadência espiritual e enquanto discutiam, ovelhas morriam de fome e lobos vorazes entravam no meio da Igreja.

Durante um longo período da história da Igreja, muitos estudiosos e teólogos surgiram com suas contribuições, preocupados em alicerçar a verdade através da Bíblia Sagrada, com suas interpretações e tratados, foram chamados de Pais da Igreja, responsáveis pela combinação das heranças cristãs e clássicas, dentre eles se destacam: Justino, Irineu, Orígenes, Eusébio de Cesaréia, Atanásio, João Crisóstomo e Cirilo de Alexandria, dentre os Pais Latinos, que se consolidaram cem anos após, estão: Tertuliano, Cipriano, Ambrosio, Jerônimo e Agostinho.

A polêmica conversão do Imperador Romano Constantino foi um fator que marcou a historia no cristianismo no mundo, um Imperador que passou de pagão a cristão, criticado por estudiosos religiosos, que ainda viram resquícios de paganismo no cristianismo de Constantino, mas que admitem a grande contribuição do mesmo na propagação do cristianismo e no seu fortalecimento, tornando-se a religião oficial de Roma. Após esse período de auge do cristianismo, onde o poder imperial adentrou na Igreja, trevas voltaram a dissipar o mundo cristão, mas Deus nunca deixou a Si mesmo sem um testemunho no mundo e crentes verdadeiros suportaram privações e perseguições dentro da própria Igreja. Por falta de leitura da Palavra, cristãos tornaram-se ignorantes, ouvindo apenas lendas dos mártires e histórias fictícias, e com a reação a um novo milênio que estava por vir[1], desencadeou-se uma mania de construir templos, as pregações de bispos e monges enriqueceram a Igreja Romana, extorquindo um povo amedrontado com o possível fim do mundo.

O trabalho cristão missionário pouco aconteceu durante o período da Igreja Romana e do milênio que se iniciava, somente alguns peregrinos se aventuravam pela região da Terra Santa, muitas vezes perseguidos pelos Maometanos, o que desencadeou entre os padres uma reação de proteção à cidade de Jerusalém, criando Cruzadas, que tinham por objetivo inicial lutar contra os seguidores de Maomé, proteger peregrinos e templos cristãos, mas acabavam por saquear santuários e roubar as riquezas da Palestina.

De tempos em tempos homens íntegros surgiam na Igreja pregando doutrinas evangélicas que produziam frutos, mas logo eram perseguidos e executados pela própria Igreja Romana, acusados de heresias. Métodos de perseguições foram adotados e originou-se uma ordem clerical dentro da Igreja Romana intitulada de Os Jesuítas, responsáveis por julgar pessoas que a Igreja considerava herege, dando o nome a estes julgamentos de Inquisição. A Inquisição trazia consigo grande autoridade a Roma, mas resistências começavam a crescer no período considerado Idade Média, começavam a surgir reformadores de um evangelho corrompido pela Igreja Católica Romana, dentre eles João Wycliff, nascido em 1324, homem de família pobre, mas com conhecimento das leis ci­vil, canônica e também da ruína da natu­reza humana, da inutilida­de do merecimento humano para a salvação, e da grandeza da graça divina pela qual o homem pode ser justificado sem as obras da Lei, como ensina as Escrituras, atacando assim os monges mendicantes com seus artigos, que logo levaram ao conhecimento do clero que o condenou como herege.

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