Por John Owen
O grande privilégio profetizado quanto à era do evangelho, que faria a
igreja do Novo Testamento mais gloriosa do que a do Antigo Testamento,
foi o maravilhoso derramar da promessa do Espírito Santo sobre todos os
crentes. É o vinho melhor que foi deixado por último (Is 35.7; 44.3; Jl
2.28; Ez 11.19; 36.27).
O ministério do evangelho pelo qual somos novamente nascidos é chamado
de ministério do Espírito (2Co 3.8). No Novo Testamento a promessa do
Espírito Santo é para todos os crentes e não para apenas alguns poucos
especiais (Rm 8.9; Jo 14.16; Mt 28.20). Somos ensinados a orar para que
Deus nos dê o seu Espírito Santo, para que com o seu auxílio possamos
viver para Deus na santa obediência que ele requer (Lc 11.9-13; Mt 7.11;
Ef 1.17; 3.16; Cl 2.2; Rm 8.26). O Espírito Santo foi prometido
solenemente por Jesus Cristo quando estava para deixar o mundo (Jo
14.15-17; Hb 9.15-17; 2Co 1.22; Jo 14.27; 16.13). Portanto, o Espírito
Santo é prometido e dado como a única causa de todo o bem que podemos
partilhar nesse mundo.
Não há bem que recebamos de Deus senão o que nos é trazido e em nós
operado pelo Espírito Santo. Nem há em nós bem nenhum para com Deus,
nenhuma fé, amor, obediência à sua vontade, exceto o que somos
capacitados a fazer pelo Espírito Santo. Pois em nós, isto é, na nossa
carne, não há bem nenhum, como nos diz Paulo.
A nova criação
A grande obra que Deus planejou foi a restauração de todas as coisas por
meio de Jesus Cristo (Hb 1.1-3). Deus intentou revelar a sua glória, e o
principal meio para fazê-lo seria através da mais perfeita revelação de
si mesmo e das suas obras que o mundo jamais vira. Esta perfeita
revelação nos foi dada pelo seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, quando
tomou sobre si a nossa natureza para que Deus pudesse graciosamente
reconciliar-nos com ele mesmo.
Jesus Cristo é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), é o “resplendor
da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1.3). Na face de Jesus
Cristo resplandece a glória de Deus (2Co 4.6). Ao planejar, constituir e
colocar em prática a sua grande obra, Deus, portanto, fez a mais
gloriosa revelação de si mesmo tanto aos anjos quanto aos homens (Ef
3.8-10; 1Pe 1.10-12). Ele fez isso para que pudéssemos conhecer, amar,
confiar, honrar e obedecer-lhe em todas as coisas como Deus, em
conformidade com a sua vontade.
De um modo particular, nessa nova criação, Deus tem se revelado
especialmente como três Pessoas em um único Deus. O supremo propósito e
planejamento de tudo é atribuído ao Pai. Sua vontade, sabedoria, amor,
graça, autoridade, propósito e desígnio são revelados constantemente
como o fundamento de toda a obra (Is 42.1-4; Sl 40.6-8; Jo 3.16; Is
53.10-12; Ef 1.4-12). Muitos foram também os atos do Pai para com o
Filho, quando o enviou, deu e designou para a sua obra. O Pai lhe
preparou um corpo, e o confortou e amparou na sua obra. Ele também o
recompensou ao lhe dar um povo para ser o seu próprio povo.
O Filho a si mesmo se humilhou e concordou em fazer tudo o que o Pai
havia planejado que fizesse (Fp 2.5-8). Por essa causa o Filho deve ser
honrado da mesma maneira que honramos ao Pai.
A obra do Espírito Santo é fazer concluir aquilo que o Pai planejou
realizar através de seu Filho. Por causa disso, Deus se nos deu a
conhecer, e somos ensinados a confiar nele.
Capítulo 5 da obra "O Espírito Santo" de John Owen a ser publicada pela editora Os Puritanos ainda este ano.
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