Fonte: revista Vigiai -
A seguir, apresentaremos os principais fundamentos pós-tribulacionistas, para sua análise e estudo. Mais do que seguir um “modelo escatológico”, cremos que é necessário voltar aos princípios, ensinamentos e crença da igreja dos primeiros séculos e opor-nos a tudo aquilo que represente uma novidade em relação a tais princípios, ensinamentos e crença.
O Senhor Jesus, em seu sermão profético, relaciona somente sua vinda após a tribulação, não mencionando em nenhum momento um arrebatamento oculto anterior ao momento da vinda em glória, mas um arrebatamento que faz parte de sua gloriosa vinda, logo após a grande tribulação (Mateus 24:29-31, Marcos 13:24-27 e Lucas 21:25-27)
A Bíblia não nos revela em nenhum lugar que a volta do Senhor será dividida em duas etapas: uma oculta, anterior à tribulação, e outra visível, após a tribulação. Pelo contrário, a Palavra determina apenas duas vindas: uma já concretizada há aproximadamente 2.000 anos e a outra ainda porvir (Hebreus 9:27-28)
Paulo nos revela que o arrebatamento ocorrerá ante a última trombeta ou ao soar a última trombeta. O Senhor Jesus revelou que, por ocasião de sua vinda em glória, logo após a grande tribulação, haverá toque de trombeta. Portanto, nesse momento será tocada a última trombeta. Há uma estrita submissão de Paulo ao que o Senhor já havia ensinado (I Coríntios 15:52, Mateus 24:31)
A promessa feita aos discípulos pouco após a ascenção de Cristo, aponta para seu regresso visível como Rei, pousando seus pés sobre o Monte das Oliveiras para derrotar o anticristo. Os discípulos, por ocasião da ascenção, estavam no Monte das Oliveiras e viram o acontecimento. Os anjos lhes revelaram que da mesma forma que Jesus tinha subido, Ele voltaria. Ou seja, de forma visível e pousando seus pés sobre o Monte das Oliveiras (Atos 1:11-12, Zacarias 14:3-4)
A Igreja primitiva não tinha qualquer idéia "pré-tribulacionista". Os cristãos primitivos esperavam a volta de Jesus já em seus dias, após cumprimento dos sinais, para livrá-los da perseguição e tribulação em que viviam, e não para evitar que eles entrassem num processo tribulacional. A idéia pré-tribulacionista surgiu no século XIX, atrelada ao dispensacionalismo (II Tessalonicenses 1:7-8)
Paulo descarta toda idéia de iminência anterior à concretização dos sinais profetizados por Jesus. Ele ensinou aos tessalonicenses que a vinda de Jesus e a nossa reunião com Ele, não ocorreria antes da apostasia generalizada e da manifestação do anticristo, mantendo a mesma ordem profetizada por Jesus no sermão profético (II Tessalonicenses 2:1-3, Mateus 24:10-15)
A volta de Jesus será como "um ladrão na noite" para aqueles que não a esperam e/ou não estão vigiando e atentos aos sinais (I Tessalonicenses 5:4, Apocalipse 3:3)
A volta de Cristo está relacionada na Bíblia ao DIA DO SENHOR, que será um dia literal e não um período de sete anos. Jesus mencionou a profecia de Joel 2:10 para especificar os sinais que antecederiam imediatamente sua vinda gloriosa, relacionando a mesma ao DIA DO SENHOR através dos mesmos sinais: o sol e a lua escurecendo. Joel nos revela que esses mesmos sinais antecederão o DIA DO SENHOR, relacionando esse dia ao dia da volta de Jesus e não ao período tribulacional de sete anos (Mateus 24:29, Joel 2:10, Isaias 13:10, Ezequiel 32:7-10)
É nítida na Bíblia a presença de servos de Deus em meio à tribulação dos últimos tempos. Não se trata de "ex-desviados", pois os cristãos da grande tribulação guardam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus, algo impossível sem a atuação do Espírito Santo. Muitos desses servos de Deus, a exemplo dos cristãos primitivos, serão martirizados e odiados "por todas as nações" (Apocalipse 12:17, Apocalipse 6:9-11, Apocalipse 14:8-13, Mateus 24:9-12, Marcos 13:20, João 17:15, Daniel 7:25-27)
Desses cristãos, alguns serão protegidos de forma sobrenatural durante a tribulação, a exemplo do que ocorreu com o povo de Israel no Egito durante as pragas (Apocalipse 3:10, Apocalipse 12:14-16, Daniel 11:33-34, Mateus 24:22)
O chamado para “vigiar” (o termo vigiar vem de vigília = noite) e se manter atento aos sinais e à santidade, se prolonga até o final da tribulação (Apocalipse 16:15)
Jesus, em sua primeira abordagem direta sobre sua volta, relaciona diretamente o momento do arrebatamento à sua vinda gloriosa e à derrota dos exércitos do anticristo no Armagedom. Isso fica patente ao comparar Lucas 17:28-37 com Apocalipse 19:11-21 (presença de destruição, cadáveres e aves de rapina)
O objetivo da tribulação não é o extermínio da raça humana nem a destruição total do planeta. Jesus compara sua vinda aos dias de Noé no que concerne ao descaso das pessoas diante das profecias e à malignidade das duas épocas em questão. Porém, os acontecimentos são diferentes:
No dilúvio, o propósito era destruir todo ser vivo, exceto Noé, família e os animais na arca. Na volta de Jesus, a destruição virá sobre o sistema maligno no qual o mundo jaz e sobre aqueles que se prostram diante de tal sistema (I João 5:19, I Coríntios 15:23-25, Gênesis 6:7, Gênesis 8:21-22)
Após a grande tribulação haverá sobreviventes, inclusive das nações que marcharão contra Jerusalém no Armagedom (Zacarias 14:16)
Não existe base bíblica para separar a igreja da Israel espiritual. Apesar de existirem castigos e promessas específicas para a nação israelense, não se justifica presumir por isso um arrebatamento pré-tribulacional. Nós somos o Israel de Deus, filhos de Abraão, segundo a promessa (Efésios 2:14, Gálatas 3:29, Romanos 11:24:32)
Não existe legitimação para “dividir” a atuação de Deus em dispensações separadas e excludentes. O que vemos na Bíblia é uma revelação progressiva do plano de Deus para a humanidade. Deus trata com todos ao mesmo tempo. Um exemplo disso é que Deus continua atuando profeticamente com Israel em plena “era dos gentios”
Não existe base bíblica alguma para sustentar a volta de Jesus “a qualquer momento”. O próprio Cristo se deteve para revelar todos os grandes sinais que antecederiam sua volta. Após o cumprimento de todos os sinais profetizados pelo Mestre é que sua volta será “a qualquer momento”. Paulo também nos revela dois grandes sinais (Mateus 24:33, II Tessalonicenses 2:1-3).
Não se pode usar as epístolas paulinas para sustentar a volta de Jesus “a qualquer momento”, pois elas foram escritas para diversas igrejas até 66 d.C., ano em que Paulo morreu decapitado em Roma. Naquele ano não havia se cumprido sequer o primeiro grande sinal profetizado por Jesus: a destruição de Jerusalém, que só ocorreu em 70 d.C. Paulo e nenhum dos apóstolos ensinaram um arrebatamento “sem sinais prévios”
A salvação nos livra da ira de Deus. Quando falamos em “ira” relacionada à salvação espiritual, não é correto associar essa “ira” a um processo tribulacional, onde os danos sofridos pelos servos de Deus são físicos. O próprio autor do versículo em questão morreu decapitado dentro de um processo de perseguição e tribulação. A salvação que temos é espiritual e eterna, a qual nos torna isentos da ira eterna de Deus, porém não isentos de passar por tribulações (I Tessalonicenses 1:10, I Tessalonicenses 4:9)
Todos os termos neotestamentários usados para referir-se à vinda de Jesus, nos dão a idéia de um evento visível, notável e não oculto: ephiphaneia (aparecimento), apokalipsys (revelação) e parousia (vinda-manifestação)
A primeira ressurreição ocorrerá por ocasião da vinda de Cristo em glória, no final da tribulação. Essa “primeira” ressurreição exclui uma ressurreição em massa anterior a esse momento (Apocalipse 20:4-6)
Toda a revelação escatológica de Jesus, dos apóstolos e até do Apocalipse, é direcionada à Igreja. Que objetivo haveria em revelar-nos esses pormenores e instruir-nos a estarmos atentos aos sinais, se a Igreja não estivesse inserida nesses acontecimentos?
As “bodas do Cordeiro” ocorrerão após a vinda do reino de Deus. O anúncio dessas bodas é feito no final da tribulação (Apocalipse 19:7, Lucas 22:18 – Lucas 21:31)
Jesus nos insta a estarmos atentos aos sinais e a não sermos enganados em meio à tribulação pelos sinais malignos dos “anticristos” e “falsos profetas” (Marcos 24:4, Mateus 24:24, Lucas 12:54-59)
Jesus disse que “quem perseverar até o fim será salvo”. O “fim” de sua narrativa profética no sermão do Monte das Oliveiras é sua vinda em glória, logo após a tribulação (Mateus 24:13, Mateus 24:6)
Jesus predisse que os seus servos seriam odiados “por todas as nações” e que o evangelho seria pregado em testemunho “a todas as nações”. Esses eventos ainda não aconteceram em sua plenitude e devem ocorrer durante a tribulação com a perseguição institucionalizada contra a Igreja e a diáspora decorrente dessa perseguição, produzindo um avivamento nunca antes visto e possibilitando a pregação a “todas as nações”.
Se o pré-tribulacionismo estiver certo, nós, pós-tribulacionistas, estamos preparados pela fé e através do novo nascimento para o arrebatamento anterior à tribulação. Se a posição pós-tribulacionista estiver certa, estaria a Igreja preparada em todos os aspectos para enfrentar esses momentos de sofrimento físico e social extremos? Estão todos sendo ministrados para enfrentarem essa possibilidade? Estão todos sendo ensinados a vigiarem em virtude do engano generalizado que se aproxima?
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