Fonte:respostasaoateismo.blogspot.com -
Pergunta:
Em minhas discussões com ateus, eles argumentam que “não possuem crença em Deus”. Argumentam que isto é diferente de dizer que não acreditam em Deus ou de afirmar que Deus não existe. Não estou certo da melhor forma de responder a esta questão. A mim, parece que estão fazendo um jogo tolo de palavras que, na verdade, têm o mesmo significado – eles não crêem em Deus. Qual seria uma boa resposta a esta questão?
Dr. William Lane Craig responde:
Seus amigos ateus estão certos no sentido em que há uma importante diferença lógica entre crer que Deus não existe e não possuir a crença de que Deus existe. Basta você comparar com esta minha alegação: “Eu acredito que não existe ouro em Marte” e a outra: “Eu não tenho a crença de que haja ouro em Marte”. Se eu não tenho uma opinião formada acerca do assunto, eu não possuo a crença de que exista ouro em Marte e também não possuo a crença de que não exista. Há uma certa diferença entre dizer “eu não tenho crença em (p)” e “eu creio em (não-p). Na lógica, o lugar onde se coloca a negação faz um mundo de diferença.
Mas o erro de seus amigos ateus está em afirmar que o ateísmo apenas implica em não possuir a crença de que Deus existe, em vez de crer que Deus não existe.
Há uma história por trás disto tudo. Certos ateus na metade do século XX promoveram a chamada “presunção do ateísmo”. Em primeira instância, esta seria a afirmação de que na falta de evidências para a existência de Deus, deve-se presumir que ele não existe. Assim, o ateísmo seria uma espécie de posição padrão, e os teístas teriam um ônus especial da prova com relação à crença de que Deus existe.
Esclarecido isto, percebemos que a alegada presunção por parte dos ateus é um erro, evidentemente. Pois a asserção de que “não há Deus” é uma afirmação de posse de conhecimento assim como a asserção de que “Deus existe”. Conseqüentemente, a primeira afirmação requer justificação assim como a última. Na verdade, são os agnósticos os que declaram não ter nenhuma posse do conhecimento a respeito da existência de Deus. Eles são os que dizem que não sabem se há ou não Deus.
Mas observando mais atentamente o uso do termo ateu pelos adeptos da presunção do ateísmo, você percebe que eles definem este termo de uma maneira que não é usual, de forma a torná-lo sinônimo de não-teísta. Deste modo, o termo pode abranger os agnósticos tanto quanto os ateus propriamente ditos, além daqueles que pensam que tal questão é sem sentido (verificacionistas). De acordo com Anthony Flew,
A palavra ateu deve ser construída, no presente contexto, de maneira não usual. Atualmente esta palavra é normalmente utilizada para se referir a alguém que explicitamente nega a existência… de Deus… mas aqui, ela deve ser entendida não positivamente, mas negativamente, pela utilização do prefixo grego “a-“ de ateu, de maneira similar como em… palavras como ‘amoral’…, por exemplo. Deste modo, o ateu não é alguém que afirma positivamente a não existência de Deus, mas alguém que simplesmente não é um teísta. (A Companion to Philosophy of Religion, ed. Philip Quinn and Charles Taliaferro [Oxford: Blackwell, 1997], s.v. “The Presumption of Atheism,” por Antony Flew)
Tal redefinição do termo ateu torna trivial a afirmação da presunção do ateísmo, pois, nesta definição, o ateísmo deixa de ser uma posição. Ela se torna apenas um estado psicológico compartilhado por um grupo de pessoas com diferentes visões sobre diferentes questões, ou que não têm visão nenhuma acerca de nada. De acordo com esta redefinição, até mesmo os bebês, que não têm opinião formada acerca de coisa alguma, são considerados ateus! Na verdade, até minha gata, Muffs, pode ser considerada ateísta, já que ela (até onde sei) não possui crença em Deus.
Continuaria sendo necessário uma justificação para se possuir o conhecimento de que Deus existe ou não, e este é o ponto em que estamos interessados.
E talvez você esteja imaginando por que os ateus estariam tão ansiosos para trivializar suas posições? Concordo com você em que há um jogo de engano sendo jogado por muitos ateus. Se o ateísmo fosse tomado como a posição de que Deus não existe, os ateus teriam que suportar o ônus da prova para justificar tal posição. Mas muitos ateus admitem abertamente que eles não podem suportar tal ônus. Por isso, eles tentam evitar esta responsabilidade epistemológica ao redefinir o ateísmo de modo a torná-lo não mais uma posição, mas apenas uma condição psicológica, que, como tal, não faz asserções. Na verdade, eles são agnósticos enrustidos, que desejam apresentar-se como ateus sem responder pelas suas responsabilidades.
Isto é hipocrisia, e ainda não nos responde a questão “Existe Deus ou não?”
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