A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

15/02/2012

PROCLAME A SÃ DOUTRINA!










Por Vicent Cheung -

Fonte: Reflections on Second Timothy -

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto -

Extraído de: [ Monergismo ] -




Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. (2 Timóteo 4.2-4)

As principais preocupações de Paulo são a honra de Deus e o progresso do evangeho. Visto ter alcançado o final de sua vida e ministério, ele agora ordena, diante de Deus e de Jesus Cristo, que Timóteo continue a obra.

Os profetas, os apóstolos e o próprio Senhor têm estabelecido a presença da fé cristã no mundo. O Senhor Jesus disse que essa é uma presença permanente, e que as forças do inferno não prevalecerão contra a igreja. A religião cristã nunca será exterminada, e suas doutrinas nunca podem ser refutadas ou destruídas. Contudo, de acordo com o plano de Deus, o cristianismo continuará a ter os seus inimigos. Haverá aqueles que resistem a ele e tentam aniquilá-lo. Haverá aqueles que recusam abraçar a única pessoa e mensagem que pode salvar as almas miseráveis dos homens, e que ainda tentar impedir que outros entrem na vida eterna. Embora nunca terão sucesso em seus esquemas perversos, seus esforços permanecerão mais que um simples aborrecimento aos seguidores de Jesus Cristo.

Paulo diz a Timóteo algo sobre o que a igreja enfrentará, incluindo as profundezas da depravação na qual os não cristãos se afundarão. Haverá tempos terríveis. As pessaos serão amantes de si mesmas, do dinheiro e do prazer, e não amantes de Deus. Elas serão ingratas, profanas, sem amor, implacáveis, caluniadoras, e assim por diante. Elas terão uma forma de religião, mas negarão o seu poder. Algumas alegarão ser religiosas, ou mesmo cristãos, mas na verdade irão se opor à verdade. Homens maus e impostores, ele escreve, irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.

Qual é a instrução de Paulo para a igreja que encara oposição de todo lado, e enfrenta problemas de todos os tipos? Tempos terríveis estão aqui e estão mais adiante, e o ministério do apóstolo está prestes a chegar ao fim. Se há uma arma potente, uma estratégia especial, um entendimento espetacular, agora é o tempo de falar sobre isso. Com uma solenidade quase ameaçadora que é insuperável em qualquer outro lugar, ele engarrega Timóteo: “Pregue a Palavra”. Devemos ter isso fixado em nossas mentes: quando diz respeito ao ministério, essa é a única prescrição apostólica que se aplica a todos os tempos e em todas as situações.

A fim de reduzir a reduzir a ofensa, mostrar respeito, demonstrar humildade, e incitar interesse, a pregação têm frequentemente sido remodelada em termos não autoritativos. Assim, em vez de “pregar”, o ministro com frequência diz “compartilhar” a palavra de Deus ou “discutir” com a congregação o que deveria ser crido e praticado. Embora seja inteiramente apropriado compartilhar e discutir os ensinos da Bíblia, aqui Paulo não diz compartilhar ou discutir, mas pregar. Há uma diferença. Pregar é afirmar, declarar e proclamar com conhecimento, convicção e autoridade. É entregar uma palavra da parte de Deus sobre algo de importância considerável.

Paulo diz que o conteúdo da pregação é “a Palavra”. Aqui ela é sinônimo daquilo que algumas pessoas recusariam ouvir, isto é, “sã doutrina”. Embora nossa pregação deva ser totalmente consistente com a Escritura, ela não é idêntica à Escritura. Pregar não é simplesmente ler a Bíblia em voz alta, pois se fosse esse o caso, não haveria na verdade nenhuma necessidade de algo como pregação, e uma pregação não seria boa ou ruim, correta ou incorreta. E não haveria nenhuma diferença entre um pregador bom e ruim. Todos seriam leitores. Nem deveria um pregador parecer um comentário. Antes, o pregador assimila a Escritura e então declara a sua mensagem.

Novamente, a pregação sempre deve ser bíblica no sentido que deve seguir “o modelo da sã doutrina” (2 Timóteo 1.13). Mas ela é um padrão, não um roteiro. É um modelo, não um esboço preparado. Peritos em homilética com frequência prescrevem métodos pelos quais o pregador pode realizar melhor a sua tarefa. O método expositivo, pelo qual tanto o título como o conteúdo dos sermões são derivados de uma passagem, é considerado por muitos como a abordagem preferida. Contudo, visto que a própria Bíblia não ordena nenhum método particular, e os peritos em homilética têm falhado em provar que ela o faça, ou mesmo provar que existe um a ser preferido, ninguém tem a autoridade para afirmar que um pregador é fiel, ou mais fiel, à sua comissão apenas se usar o método expositivo.

Paulo pregou a sã doutrina tão fielmente aos atenienses em Atos 17, onde ele não citou nenhuma passagem bíblica, quanto Pedro, quando este usou uma abordagem “texto prova” em Atos 2. Mas pregar sem citar a Escritura, e citar passagens meramente como textos prova, são considerados como métodos inferiores ou mesmo inaceitáveis por muitos peritos em homilética terroristas. A verdade é que, embora o pregador deva sempre ser verdadeiro à Bíblia, a Bíblia permite muita liberdade e variedade na construção e apresentação do sermão. Ele deve pregar a sã doutrina, mas não deve deixar que os peritos em homilética digam como ele deve fazer isso.

De fato, se insistirmos que o próprio método deve vir da Escritura, parece que o método expositivo (onde tanto o título como o conteúdo são derivados de uma passagem) teriam o menor apoio escriturístico. Nenhum sermão na Bíblia segue este método como definido pelos peritos em homilética. Isso não o torna errado ou inferior. De fato, é discutível se o método expositivo é aquele que eu uso com maior frequência, embora por vezes vagamente. O ponto é que algumas pessoas têm alegado muito em favor dele, e têm imposto o mesmo sobre outros, ao passo que a Bíblia parece permitir certa liberdade nessa área. Assim, embora não haja nenhum método rígido, o conteúdo da pregação é definido e decidido, de forma que a ênfase essencial da mensagem é inegociável. E visto que a mensagem é baseada na revelação e na autoridade de Deus, ela obriga legitimamente a consciência dos homens.

O pregador aplica as doutrinas bíblicas de várias formas benéficas – ele deve instruir, repreender e encorajar. Instruir, ou anunciar e explicar a verdade, é o fundamento para os outros usos da palavra de Deus. O pregador então corrige e repreende aqueles que se desviam do padrão bíblico apresentado. É também sobre a mesma base da sã doutrina que o encorajamento significativo é possível. Deve haver uma proporção correta desses usos da palavra de Deus. Encorajamento sem uma base bíblica, sem o fundamento do ensino, é vazio ou mesmo enganoso. Correção é significativa somente quando o padrão correto é definido, de forma que possa ser mostrado que alguém se desviou dele, e de forma que possa ser conhecido que alguém deve retornar a ele. Então, se um pregador apenas instrui e encoraja, mas nunca repreende, aquele que se desvia da verdade nunca é confrontado com o seu erro, e o pregador não cumpriu o seu dever.

Paulo diz que haverá um tempo quando as pessoas não suportarão a sã doutrina. Elas rejeitarão a pregação como um método de ouvir da parte de Deus. E elas rejeitarão a mensagem que a pregação pretende comunicar. Em vez disso, elas desejam ouvir coisas que vão entretê-las, faciná-las e justificar seus erros e maus desejos. E elas exigem uma certa estimulação carnal e sensorial no método de apresentação. Alguns cristãos alegam que devemos acompanhar os tempos e adaptar nossa abordagem de acordo com as tendências culturais. Em outras palavras, deveríamos seguir os não cristãos e nos submeter aos seus desejos. Mas o apóstolo prescreve a pregação já com essa resistência em mente. Ele é quem menciona aqueles que não suportarão a sã doutrina. Ele é aquele que diz para pregar a palavra “a tempo e fora de tempo”, quer o tempo seja favorável ou não a esse método ou à nossa doutrina, e quer essa seja a coisa popular a se fazer ou não.

Portanto, aqueles que propõem alternativas à pregação, e aqueles que propõem alternativas à sã doutrina, estão na realidade propondo rendição ao pecado e à incredulidade. Ora, se as pessoas são desatentas e rebeldes, um rei não ordena ao seu arauto para que pare de declarar a sua mensagem, e que comece a dançar e fazer malabarismo, como um palhaço para atrair uma multidão. Não, se as pessoas não forem ouvir ao arauto, e se elas não concordarão com o rei, a próxima coisa que o rei faz, se assim o agrada, é enviar seus soldados para matá-los. O arauto não muda sua abordagem ou mensagem. Se um pregador muda sua abordagem ou sua mensagem para diminuir a distração e resistência, ele não é mais um pregador. Ele abandonou o seu ministério. Mas que os arautos do Rei insistam em cumprir o seu dever, suportar as dificuldades e manter a fé.

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